Técnicos do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estiveram em Viçosa, nesta quinta-feira (17), para acompanhar uma pesquisa que está sendo realizada pelo Laboratório Interfaces do Departamento de Economia Doméstica. A equipe liderada pela professora Amélia Carla Sobrinho Bifano (quarta na foto, da esq. para a dir.) está investigando como os diabéticos brasileiros utilizam o glicosímetro, um aparelho que mede os índices de glicose no sangue. Os resultados da pesquisa deverão orientar a fiscalização desse equipamento no Brasil.
O Laboratório Interfaces vem realizando pesquisas para o Inmetro há mais de dez anos. A equipe de pesquisadores já investigou como as pessoas usam fogões, máquinas de lavar roupas, celulares e até blisters de margarinas, manteigas e geleias usados em hotéis. A coordenadora da pesquisa explica que nem sempre os fabricantes conseguem se comunicar com os consumidores da maneira correta. Isso pode acontecer, por exemplo, em um painel de máquina de lavar ou de micro-ondas, na tela de um celular ou, até mesmo, em um manual de instruções. “Chamamos isso de usabilidade das interfaces. O aparelho pode ter muitas funções, mas elas precisam ser compreendidas pelo usuário, não apenas para otimizar o uso de todos os recursos que o aparelho oferece, mas, também, para a utilização segura e eficiente”. Amélia Carla explica ainda que usar um equipamento de forma incorreta pode causar acidentes e gerar uma má interpretação da eficiência do produto. É o que pode ocorrer com os medidores de glicose. As informações de uso precisam ser claras para todo tipo de usuário, independentemente do grau de escolaridade.
A professora explica também que o Inmetro está indo além das funções de conferir pesos e medidas, como é tradicionalmente conhecido. “Eles querem avaliar também a qualidade do uso e das informações disponíveis de cada produto para proteção do consumidor”. No caso da pesquisa com o glicosímetro, a parceria com o Departamento de Economia Doméstica envolve também a Anvisa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
O Laboratório Interfaces é pioneiro neste tipo de pesquisa. A metodologia para avaliação de utilização dos produtos também foi desenvolvida pela professora Amélia Carla e vem sendo aperfeiçoada pela sua equipe. O método de avaliação global de produtos inicia pela exploração das funcionalidades e do funcionamento do produto, passa pelo atendimento aos requisitos das normas nacionais e internacionais de usabilidade e oferecimentos de informações de uso ao consumidor, e, posteriormente, por meio de ensaios, testes de usabilidade das interfaces dos produtos com consumidores e produção de relatórios que podem ser avaliados pelas empresas para melhorar a comunicação entre produto e consumidor.
Se houver problemas mais sérios, instituições públicas como Inmetro e Anvisa, por exemplo, podem interferir punindo ou criando novas regulamentações. “A metodologia é inovadora e tem se mostrado muito eficiente. Acho que estamos contribuindo para os avanços na defesa do consumidor”, conclui Amélia Carla.
(Léa Medeiros – Fotos: Daniel Sotto Maior)
Nenhum comentário:
Postar um comentário