segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entusiasmo marcou o primeiro módulo do curso de formação de trabalhadoras domésticas como promotoras legais populares

O curso foi ótimo, com o conteúdo excelente e claro. As mulheres saíram daqui felizes e com a auto estima bem elevada”. Contou com orgulho Maria Helena dos Santos, presidenta da Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande, participante do curso “Corpo e Identidade, Direito e Igualdade no Trabalho Doméstico – Formação de trabalhadoras domésticas para o enfretamento ao sexismo e ao racismo”, realizado no último dia 27 de março. O primeiro módulo da formação foi aplicado simultaneamente em Recife/PE, Campina Grande e João Pessoa/PB.

O curso vai formar trabalhadoras domésticas desses dois estados como promotoras legais populares. Na pauta reflexões sobre as identidades de gênero e raça, a situação do trabalho doméstico no Brasil e o legado herdado do período escravista. Segundo a facilitadora da formação, Ana Paula Maravalho, em Recife, 30 mulheres participaram ativamente das discussões. “Conseguimos atingir o objetivo de formar um grupo de mulheres bem participativo que era um dos nossos desafios”, afirmou Ana Paula Maravalho.

De acordo com Ciani Neves, responsável pela realização do curso em João Pessoa, as 21 trabalhadoras aproveitaram as discussões teóricas para inserir suas contribuições a partir de situações do cotidiano. “A participação das mulheres foi muito interessante. Elas fizeram uma relação entre o racismo e a forma como a sociedade vê o trabalho doméstico”, avaliou Ciani Neves.

Glória Rejane Santos, presidenta do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores Domésticos da Grande João Pessoa, também considerou que a participação das mulheres foi o ponto alto do primeiro módulo da formação. “Algumas mulheres que estavam presentes nunca participaram de oportunidades como esta, então elas puderam conhecer mais. Houve uma boa participação e foi muito proveitoso”, declarou Glória Rejane Santos.

A atividade contou ainda com a exibição do documentário “Trabalho Doméstico, Trabalho Decente”, produzido pela ONU Mulheres Brasil e Cone Sul em parceria com a TV Brasil Internacional. O vídeo é um registro sobre a realidade do trabalho doméstico no Brasil, Bolívia, Guatemala e Paraguai. Segundo Ciani Neves as reportagens possibilitaram que as trabalhadoras refletissem sobre os direitos que precisam ser conquistados. “Elas trouxeram o conteúdo do vídeo para a vida delas”, disse.

Ângela Nascimento, facilitadora do curso em Campina Grande/ PB, avaliou que a metodologia aplicada tornou possível um maior envolvimento das trabalhadoras e também perceber algumas necessidades. “De todo o grupo somente a presidenta do Sindicato de Trabalhadoras conhece sobre as discussões sobre trabalho doméstico no âmbito Conferência Internacional do Trabalho. Nesse sentido vamos inserir no conteúdo da formação o tema da Conferência para informar as trabalhadoras sobre o assunto”, disse Ângela Nascimento.

Para Shirlene Brito, integrante da Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande, a formação está ajudando a conhecer mais sobre a realidade do trabalho doméstico no país. “Por mais que a gente trabalhe pelos nossos direitos, a gente ainda não sabe de tudo. Nós nos sentimos lisonjeadas com essa oportunidade”, contou Shirlene Brito.

O curso “Corpo e Identidade, Direito e Igualdade no Trabalho Doméstico – Formação de trabalhadoras domésticas para o enfretamento ao sexismo e ao racismo” faz parte da agenda de trabalho conjunta entre a ONU Mulheres Brasil e Cone Sul, a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e a SPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres). A iniciativa é do Observatório Negro, em parceria com os sindicatos das trabalhadoras domésticas de Pernambuco e da Paraíba e tem financiamento da ONU Mulheres Brasil e Cone Sul, por meio do Programa Regional Gênero, Raça, Etnia e Pobreza.
 
Fonte: UNIFEM/ONU

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