Quem viu o Brasil ganhar sua primeira Copa do Mundo, JK inaugurar Brasília e circularem os primeiros automóveis montados no Brasil está lembrado de que naqueles tempos havia o costume de se levar sacolas de tecido para comprar pão na padaria, ou na bodega. O leite era entregue em vasilhas, a carne embrulhada em papel grosso, quando simplesmente saía do açougue com um laço de cordão que permitia ao consumidor carregá-la pendurada, na forma como era cortada. Não se pode, por saudosismos, simplesmente dizer que aqueles é que eram os tempos bons. Mas que eram mais saudáveis para o meio ambiente, eram sim.
Outro dado histórico que tem a ver com um dos mais graves problemas que vivemos atualmente: quando os supermercados começaram a ocupar os grandes espaços varejistas, as mercadorias eram carregadas em sacolas de papel, até o advento desse veículo altamente poluidor que é a sacola de plástico. Quando ela chegou, para dominar, parecia um avanço, significava maior praticidade e, até, uma forma de contribuir para a redução da derrubada de árvores. Ledo engano. Hoje se tem como uma verdadeira luta pela sobrevivência limpar o meio ambiente, inclusive das milhões de sacolinhas que são jogadas no lixo todo ano em nosso País.
O cenário que elas causam só passa despercebido porque a quase totalidade das pessoas guarda distância dos lixões, mas dá para sentir um pouco desse tremendo desastre ecológico acumulado quando se vê nas cercanias das pequenas cidades do interior sacolas de plástico espalhadas nas margens das estradas. Se ousarmos nos aproximar dos lixões – das grandes ou pequenas cidades – aí então dá para assustar. E o susto vem se transformando em medidas de controle, para impedir a repetição do quadro de 2009 – 15 bilhões de sacolas plásticas entraram em circulação – a começar pela reação dos supermercados, que já começaram a oferecer outras opções.
O aconselhamento é simples e nos remete ao passado, mesmo quando não havia o nível de consciência ecológica como há hoje. Assim, por exemplo, os conselhos do ambientalista e professor de economia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jacques Ribemboim, para quem o ideal seria que o consumidor levasse sua sacola de pano ou de lona quando fosse fazer compras. A razão é evidente, mas as soluções não. Elas exigem uma depuração de costumes e, sobretudo, a conscientização dos males provocados pelo uso de plástico não degradável. Isto é, um processo pedagógico que implica em mudar hábitos culturais arraigados. Alguns desses males são tremendamente preocupantes e explicam o clamor universal em defesa do meio ambiente. Em nosso País, mais de 200 mil toneladas de plástico são produzidas todo ano, representando quase 10% do lixo que gera outros desafios e grandes gastos. Outro aspecto gravíssimo a considerar e que vem chamando atenção é que boa parte desse plástico vai para os rios, com enorme impacto na vida aquática.
O que fazer? O melhor caminho será sempre verificar o que é feito com bons resultados em outras partes do mundo. A Alemanha obriga produtores e distribuidores a aceitar de volta embalagens de plástico e reciclar os seus produtos. Com isso, os empresários repassam os custos para o consumidor e o País toma consciência de que usar sacos plásticos fica mais caro. A Irlanda foi pioneira nessa batalha: instituiu imposto por cada saco plástico, o plastax, que corresponde a 0,15 centavos de euro, o que gerou grandes receitas, com tendência descendente, para felicidade da nação. Pode estar aí, numa lei que atinja o bolso das pessoas, o caminho mais rápido para se acelerar a cura de um meio ambiente ferido pela chamada poluição branca, como o chinês se refere à agressão da sacola plástica.
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